terça-feira, 15 de março de 2011

ORI
Leila Leite
 
Ori é um documentário que mostra a cultura negra a partir do ponto de vista dos negros, pessoas envolvidas em movimentos e que discutem o motivo de existência de organização como o movimento negro da década de 1980 dentro do Brasil, tentando buscar uma coisa muito importante para todas as culturas humanas, a identidade cultural.
 Com texto e narração de Beatriz Nascimento e direção de Raquel Gerber, o documentário faz um levantamento histórico da situação das pessoas que durante séculos foram escravizadas e tiveram suas diversidades culturais anuladas, ou quase, não fosse conseguirem resguardar sua religiosidade se utilizando de um sincretismo que fez com que muitas características daquelas culturas chegassem aos nossos dias.
Um outro tema levantado por Beatriz Nascimento é o Quilombo, por sua representatividade cultural, geográfica, comunitária, simbólica, pois ele consegue trazer à tona a discussão da liberdade e da resistência contra um sistema opressor que não deixa nem mesmo  que o sonhar seja possível, o quilombola representa esse sonhar contra toda e qualquer perspectiva do dominador.
Orí trás a idéia da afro-religiosidade entranhada em si, pois ele significa mudança de um estágio a outro, um rito que tem a cabeça como centro e que tem o novo como meta dentro dessas religiões, assim como o movimento negro deseja, uma nova realidade, uma nova história como o que Beatriz Nascimento questiona a respeito do termo “movimento negro”, pois ela diz ser importante perceber que tudo isso é um movimento da história e que talvez até mesmo a utilização do termo “negro” deva ser eliminado.
E durante todo o documentário são vários os rituais da cultura negra que são mostrados, como as festas Black, as danças, o cabelo, o colorido das roupas nos anos 1980, símbolos importantes que tornaram a arte dessas pessoas cada vez mais evidentes e ainda mais influenciadoras da cultura como um todo, principalmente no Brasil.
A autora do documentário fala a respeito da resistência, do sonho e da esperança e luta em todos os momentos do documentário, reforçando sempre a importância de se conhecer o processo histórico para que se retire a África da sua anulação histórica dentro do Brasil.

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