quinta-feira, 10 de março de 2011

 
ADEUS LÊNIN, ADEUS!
André Leite Ferreira

Após a queda do muro de Berlin diz-se que temos o fim da chamada Guerra-fria uma guerra travada entre o mundo capitalista e o mundo socialista-comunista. O primeiro representado pelos Estados Unidos da América e o segundo representado pela URSS.
Nessa Guerra parece-nos que o mundo capitalista venceu, triunfou sobre a velha carcaça já um tanto quanto cansada do velho Marx e dos seus camaradas. O que fazer diante da derrocada das utopias, diante do monstro imperdoável do capitalismo?
O muro caiu arrastando consigo o pudor.  Estamos diante de uma ética amoral e amorfa, que cheira a burocracia, distúrbios e alienação, uma força medonha que impulsiona o consumismo desenfreado e nos arrasta cada vez mais para lama, o paraíso dos porcos medonhos que detém o poder sobre a vida e a morte.
Recriar a utopia como um exercício cotidiano de amor e simplicidade. Se não podemos destruir o inimigo instantaneamente que este seja então um rico exercício de invenção e reinvenção de si e do mundo. Aos poucos o grito vai se libertando e o sonho ficando cada vez mais nítido e cristalino como a água.
O exercício cinematográfico é antes de tudo a curiosa reinvenção do tempo, fotografia sobre fotografia reflete nossas ações com cores dinâmicas e vivas que só é possível através do olhar. Esse sendo um princípio do diálogo, não o fim, mas possibilidade de se refazer diante do caos e da necessidade.
É possível perceber já no início da década de 1990 uma juventude confusa, entediada e desesperançada, um pessimismo de certa forma comum aos finais de séculos, capitados através de uma lente em fotografias estranhamente coloridas, mas que carregam em si imagens tão cinzas e chocantes. De um lado esta juventude sofre com o super protecionismo dos pais. De outro carrega sobre os ombros o peso herdado ao longo do tempo. O consumismo devora o planeta e os sonhos deixando os jovens órfãos de desejos verdadeiros e de necessidades reais. Alienados de si mesmos. Só lhes resta consumir, consumir e consumir sempre e cada vez mais.
Às vezes, gritar não resolve e maquilar a realidade é só mais uma artimanha do delírio e do desespero. Se perder de si pode ser extremamente desolador, tal como se perder nas ruas escuras de uma cidade fantasma. A queda do muro só denota o quanto tudo isso influencia no que acreditamos ou não, já que neste caso não é o muro em si, mas as próprias verdades que cada um vive. Portanto é recomendável evitar as ruas vazias e correr o quanto antes para ver se ainda alcançamos a utopia, pois, por detrás daquilo que aparentemente é somente mais um caso banal é que se encontra a resistência capaz de proporcionar constantes revoluções dentro da gente e fora do mundo.
ADEUS LÊNIN, ADEUS!

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