quinta-feira, 14 de abril de 2011

TRAILER DO FILME O ACHADO DE PLÁCIDO

O ACHADO DE PLÁCIDO
Alexandre Silva

O filme procura detalhar, com certo olhar imaginário, a história de vida do caboclo Plácido José de Souza, filho de um português e uma índia nativa da região paraense. Era agricultor e caçador, e possuía um lote terras na estrada do Maranhão (hoje Avenida de Nazaré). Num certo dia de outubro de 1700, Plácido saiu para caçar na região do igarapé Murutucu (onde hoje é a Basílica), sem motivos prévios, enxergou a imagem de Nossa Senhora entre as pedras ao lado de uma arvore de pequeno porte. Católico fervoroso, Plácido levou a santa para o barraco onde morava e ali, em um altar humilde, passou a venerar Nossa Senhora.
Contudo, essa história procura resgatar de forma simplista uma maior consciência ecológica do público, pois o filme passa uma mensagem interessante nesse aspecto, além, é claro, de fazer uma leitura ao universo místico popular no que concernem as lendas amazônicas, como foco de valorização da literatura paraense como elemento do folclore nortista.  Mas não somente isso o filme aborda, também, uma das narrativas mais importantes da festa do círio de Nossa Senhora de Nazaré, sua trajetória durante a procissão, diz respeito ao evento chamado pelo povo de a festa de fé. Mostrando que após o achado de Plácido foi possível realizar muitos feitos, inclusive a construção da própria Basílica de Nazaré.
O achado de Plácido destaca a virgem Santa coberta por seu manto tradicional, em sua passagem em contrapondo ao momento exato de seu achado, mas um achado realizado por Plácido, como dizia anteriormente, perpassa por múltiplas discussões que vais da homofobia à ética humana.



Tchello d’Barros entrevistado para o blog Pindorama pelo editor André Leite Ferreira (Belém PA)
Abril 2011
 
 ALF – Quais são as linguagens artísticas em que você trabalha?
T. d’B. Trabalho principalmente com Artes Visuais e Literatura. Na visualidade tenho realizado exposições de desenho, pintura, infogravura, fotografia, instalação e alguma produção em vídeos experimentais. No paralelo sempre acontece alguma adaptação dos trabalhos atendendo as demandas das chamadas Artes Aplicadas, onde as criações são adequadas para produtos em Moda, Decoração e Artes Gráficas. Já no campo literário, produzo textos em Prosa e Poesia, com crônicas,  contos, literatura infantil, artigos, resenhas, alguma dramaturgia e relatos de viagens, sendo que na poesia tenho alguns livros publicados onde priorizo algumas formas-fixas de poema, como haicais, quadras, sonetos e cordéis. E ainda há uma produção mais experimental também, como os Ideogramas Ocidentais, Poemínimos, Labirintogramas e a Poesia Visual. Mas nada é tão estanque nesses limites, vez em quando essas produções estão flertando em parcerias com o meio musical e teatral, principalmente.

ALF – Poderia comentar sobre suas principais influências?
T. d’B. .O que talvez possa ser percebido como influência nessas exposições que já somam quase duas décadas de produção, são elementos de escolas visuais que sempre me interessaram, como aspectos estéticos do período áureo do Renascimento (anatomia, perspectiva, chiaroscuro, composição, etc). Também alguns elementos do período da Pop Art (entre eles a Optical Art) e mais recentemente algumas fases do Concretismo e Construtivismo brasileiro, principalmente nas séries de geometria formal abstrata que tenho produzido. Então, não diria que haja diretamente influências, mas talvez confluências entre linguagens, períodos e estilos. Na fotografia, limito-me a mencionar alguns fotógrafos referenciais, como Robert Doisnot, Pierre Verger e Henry Cartier-Bresson. Já na seara literária, sempre me interessou a poesia de cunho popular e também – talvez paradoxalmente – a poesia experimental, como os Beatnicks, a Poesia Marginal dos anos setenta, os franceses do Séc. XIX, as propostas dos manifestos vanguardeiros em geral e por aí vai.


ALF – Como se dá sua atuação nas artes visuais?
T. d’B. . Se dá principalmente como artista, produzindo mesmo. Mas vez em quando surgem atividades paralelas, como ministrar uma oficina aqui, um curso acolá, ser júri de algum certame, realizar eventuais curadorias, palestras, coisas assim. Vivemos em um país onde este segmento necessita ainda amadurecer muito, há muito que se fazer para diminuir a lacuna histórica que nos separa do nível que encontramos nesse setor em outros países. Por força das circunstâncias, muitas vezes o artista acaba se envolvendo em questões de militância cultural para exigir políticas públicas que atendam as demandas do setor e propiciem o acesso à cultura por parte da comunidade, da sociedade. Nesse sentido já atu(r)ei como voluntário em associações de classe e como colaborador para o Colegiado de Artes Visuais do Minc e Funarte. Acredito que essa cena mude quando avistarmos políticos frequentando exposições de arte...


ALF – E qual sua atuação no campo da Literatura?
T. d’B. . A Literatura é um campo vasto, onde a gente acaba se envolvendo em muita coisa, dada sua complexidade no sentido de se chegar a publicação e distribuição do texto. Para além da produção enquanto autor, sempre estive envolvido na criação de projetos literários diversos, como: ações culturais alternativas, performances, intervenções, realização de congressos, oficinas, palestras, viagens coletivas às principais bienais do livro, publicações independentes, debates, intersemiose com outras mídias e linguagens, edição de antologias, projeções multimídias, web-arte e mais um caudal de discussões, ações e publicações – que na verdade acho que não vai parar tão cedo! Hoje está tudo mais fácil, tudo tão digital, tão virtual. E por isso mesmo não pretendo parar de realizar ações onde as pessoas possam se encontrar, mediadas por esse miasma abstrato, que na falta de nome melhor, ainda chamamos de Literatura.

ALF – O que é um cordel contemporâneo?
T. d’B. . A rigor seriam os textos escritos a partir dos cânones da chamada Literatura de Cordel (que alguns ainda acreditam se tratar de uma arte menor) produzidos na atualidade, em nossa contemporaneidade No entanto creio que talvez a questão se amplie se pensarmos que a partir do advento da Internet, houve uma retomada na produção desta forma-fixa de poema, uma das mais tradicionais em nosso país gerando algumas mudanças no que até então estava estabelecido. Baseado em pesquisa de campo, colecionismo e referenciais teóricos podemos considerar algumas premissas: primeiro que, para orgulho dos nossos irmãos nordestinos, os poemas de cordel são praticados hoje em todos os Estados do Brasil. Por outro lado temos o acesso à hiperinformação por parte dos próprios cordelistas e repentistas (nem sempre um cordelista é repentista e vice-versa), que vêem TV à cabo e tem acesso à Internet, isso significa uma ampliação nas temáticas abordadas em seus versos, tratando de política internacional às celebridades do mundo Pop. Há que se notar que muita gente formada em faculdade hoje está produzindo cordéis também. E por fim, o lado menos interessante que é a descaracterização das métricas, dimensões dos poemas e desvalorização da casadinha com as tradicionais xilogravuras, que ainda hoje emprestam um charme todo especial à produção dos cordéis autênticos.

ALF – Qual o papel do escritor Jorge Luís Borges em sua trajetória?
T. d’B. . É meu autor preferido. Já cheguei a me perguntar que graça teria em ter passado por essa vida sem ter conhecido sua obra. Com Borges aprendi muito sobre a vida literária, sobre o prazer hedonista da leitura, sobre a necessária humildade nesse meio, sobre a importância de instruir-se técnica e teoricamente. Já li sua obra completa em Português e em Espanhol. Recentemente tenho lido alguns contos no Inglês também. Minha exposição de infogravuras intitulada Labiríntimus – que realizei em Salvador BA, a primeira numa galeria de arte particular – é uma homenagem a este argentino atemporal e universal que apreciava a temática dos labirintos. Fico imaginando o dia em que se popularize no Brasil - pois por enquanto é conhecida mais no meio literário e acadêmico – a obra do velho bardo portenho, que afirmava que “a literatura existe para a felicidade humana”..

ALF – Que importância tem o poeta visual Joan Brossa na sua poesia?
T. d’B. . Creio que esse poeta catalão merece todas as nossas homenagens, pois é um dos pais da Poesia Visual, já a praticava antes até deste termo existir. Penso mesmo que é um dos fundadores da poesia experimental do Séc. XX, não no sentido cronológico, mas inaugural. É comum os praticantes de Poesia Visual pagarem algum tributo ao velho e bom Brossa, geralmente utilizando em seus trabalhos a famosa letra A, tipo Arial, que ele utilizava com certa frequência em muitos de seus poemas visuais. É como dizer: “_Obrigado, mestre, por nos ter mostrado este caminho”! De minha parte, ainda que modestamente, certa vez fiz uma exposição individual de minha produção de Poesia Visual, a hoje itinerante mostra “Convergências”, na ocasião, em uma galeria de Maceió, sendo que a mesma tinha uma árvore dentro do espaço expositivo. Pois fiz uma instalação isolando a árvore com plotagens exibindo centenas de caracteres com aquela letra A do Brossa, e dezenas de “Azinhos” adesivados pelo chão... Gracias, maestro!

 ALF – Poesia é militância?
T. d’B. . Prefiro pensar que a Poesia pode (não deve obrigatoriamente, mas poder, pode) se inserir também no âmbito político-social – pois arte é antes de tudo atitude – desde que esse engajamento não se transforme em mera panfletagem. A arte muitas vezes reflete a visão de mundo (e do homem, e da vida) de determinado artista e este é um ser político, inserido num sistema capitalista, numa sociedade consumista que esse ser questiona e tenta transformar com as ferramentas de que dispõe: a linguagem artística na qual se expressa. Há quem negue essa função na Arte (Arte não teria que ter função), no entanto é inegável que alguns dos melhores momentos da poesia do século passado – no Brasil e no Mundo - se deram no campo da militância, do questionamento, do enfrentamento de escalas de valores ,modos de vida e sistemas políticos. Não estamos no espaço-tempo de Maiakowski, para escrever canções de protesto e palavras-de-ordem para marchar. Porém, neste tempo de tuitadas e blogâncias, o homem hodierno se vê diante de questões como a bioética, regimes totalitários ainda viscejam em outros continentes, a Lua já anda sendo repartida para futura exploração imobiliária, os relacionamentos cada vez mais virtuais, o inchaço urbano das megalópoles, a violência de gênero e tantas ourtras questões que fazem ferver o sangue de muito vate contemporâneo, que não se dá ao luxo de solenemente ignorar a realidade circundante. Como dizia o Leminski: “Em La lucha de classes / todas las armas son buenas / piedras, noches, poemas”.

ALF – Conte um pouco da mostra de Poesia Visual que você realizou na Galeria de Arte Graça Landeira (realizada na Univ. Unama em Belém de dezembro 2009 a janeiro de 2010)?
T. d’B. . Foi a primeira vez que meu trabalho apareceu num espaço físico oficial da arte na cidade das mangueiras. Já havia aparecido um soneto meu há uns 10 anos, usado como brinde num casamento e depois o Edmir, do site Ver-O-Poema, havia publicado alguns escritos em meio online. Mas essa mostra supracitada, chamada Convergências, reúne uma seleção de minha produção em Poesia Visual, em formato plotado, tudo P&B e descartável após a exposição. É um projeto que tem a intenção de itinerar por todas as capitais brasileiras antes de ser apresentada em capitais nacionais dos países de nossa América do Sul. Belém foi a sétima cidade onde a série foi apresentada e tive a sorte de o trabalho ter sido selecionado para o espaço da Galeria Graça Landeira, um dos melhores espaços expositivos da cidade. No entanto, ao que me consta, desconheço alguém da classe literária que tenha ido ver a mostra, a primeira individual do gênero apresentada no Pará. Coincidência das coincidências foi, dois meses depois da mostra, eu ter vindo morar na cidade, que aliás, eu já havia visitado em outras oportunidades. E como havia o desejo de vir morar na Amazônia, escolhi a bela Belém, juntando o útil ao agradável.

André Leite Ferreira – Em que consiste a exposição fotográfica “Um Mundo Fenômenico” (realizada no IFPA de Belém PA em abril de 2011)?
Tchello d’Barros Trata-se de uma série fotográfica em P&B extraída de uma obra-em-progresso que já desenvolvo há alguns anos, constituída principalmente de fotografia-de-rua e relato visual de minhas viagens pelo Brasil e Exterior. A proposta inicial era realizar aqui no Brasil duas exposições, uma onde o ser-humano estivesse presente em todas as cenas e a outra onde houvesse a ausência física das pessoas e assim os objetos e cenários fotografados jogassem com a imaginação dos observadores. A primeira mostra ocorreu na Aliança Francesa de Vitória ES a segunda acontece no espaço de exposições da Biblioteca do IFPA de Belém PA. Mas o interessante na mostra em Belém é que a Equipe Pindorama, que realiza o projeto, atrelou outras produções minhas numa ação multilinguagens, envolvendo palestra, projeção de meus vídeos, sarau-de-bolso, colóquio, performance com meus poemas, sessão de autógrafos com meus cordéis e a exposição propriamente dita.  Considero interessante esse formato pois assim o público interno e externo da instituição tem um acesso mais amplo à produção de determinado artista.

ALF – Como você tem atuado no meio cultural de Belém?
T. d’B. . Acredito que ainda de uma forma muito discreta, pois tenho dirigido os esforços para meu trabalho acontecer em outros espaços no país, incluindo participação recente em três exposições fora do Brasil, duas em Portugal e uma na Espanha, além de inclusão em mostras de São Paulo e Rio de Janeiro. Aqui no chamado Portal da Amazônia, tenho optado por ser mais um fruidor, um expectador, frequentando os vários cineclubes, as peças de teatro, exposições, shows e lançamentos de livro. Mas tenho tido o privilégio de declamar poemas em eventos do Movimento Literário Extremo Norte, onde participo como convidado dos poetas Apolo de Caratateua e Renato Gusmão. Outra atividade é a produção autoral no Espaço Cultural Corredor da Amazônia, cuja proposta é a do Intermulticulturalismo, onde participo do programa de residências artísticas. No paralelo, tenho editado uma revista para o segmento empresarial, onde na medida do possível, tenho inserido matérias sobre a produção artística local.

ALF – Como é para um sulista viver na Amazônia?
T. d’B. . É um pouco difícil às vezes por conta dos significativos contrastes culturais e comportamentais. Mas acho que tenho tido sorte, pois em Belém há essa postura acolhedora, uma hospitalidade que deveria servir de exemplo para outros lugares. E o pessoal tem tido paciência com meu carregado sotaque do Sul, é que não me sinto um catarinense vivendo no Norte, me vejo apenas como um brasileiro vivendo no Brasil, simples assim. Mas a saudade do sabor amargo do Chimarrão é suplantada pelo apimentado Tacacá, o Churrasco pelo sabor do Filhote na grelha, o Apfelstrüdel pelo Açaí, o Camargo pelo suco de Cupuaçu  A saudade da neve é encharcada pelas diárias tempestades tropicais e o gélido vento Minuano por um calor úmido que o corpo teima em se acostumar com esses abraços suados daqui... Em vez de Milongas e Vaneirões ouço Bregas e Guitarradas, em vez da Tchê-music ouço o Tecno-melody, em vez da poesia popular de Jayme Caetano Braun leio as trovas de Juraci Siqueira, em vez das obras visuais de Juarez Machado, comprazo o olhar com as criações de Emanuel Nassar, e por aí vai. É muito contraste.  _Égua, mano! Tu é doido...




terça-feira, 12 de abril de 2011

UM MUNDO FENOMENICO

1 – INFORME
O IFPA de Belém do Pará (antigo CEFET), através de seu Núcleo Pindorama de ações culturais, convida para a exposição Um Mundo Fenomênico, do artista visual e escritor brasileiro Tchello d’Barros.



2 – A EXPOSIÇÃO

O autor em Belém
Tchello d’Barros escolheu Belém do Pará como sede para suas novas produções. Há mais de uma década que o artista visita a cidade das mangueiras, mas depois de realizar em 2010 a primeira exposição individual de Poesia Visual aqui no Estado (na Galeria Graça Landeira, curada por Emanuel Franco) resolveu fincar raízes e aos poucos vem se integrando na cena cultural. Além de editar uma revista, participa do projeto de residências artísticas do Espaço Cultural Corredor da Amazônia, das atividades literárias do Instituto Cultural Extremo Norte e realiza atividades voltadas para a literatura de cordel com o poeta Apolo de Caratateua.

Conceito
A mostra apresenta uma seleção de 30 fotografias P&B selecionadas da série Um Mundo Fenomênico, que Tchello d’Barros desenvolve há cinco anos, clicando em suas viagens pelo Brasil e Exterior. São objetos e cenários que, apesar da ausência do ser humano, denotam aspectos do cotidiano numa narrativa de costumes e hábitos que jogam com a imaginação decifradora dos visitantes da mostra. É um contraponto à exposição de 2010 apresentada em Vitória ES, onde todas as imagens tem o ser humano como motivo. A opção pelo P&B sugere uma interpretação da realidade, um recorte monocromático das cenas e lugares visitados. Mais que revelar, a série pretende sugerir, permitir ilações e deduções, ficcionais ou não. A ausência da cor propõe também um possível diálogo com a obra de fotógrafos referenciais para o autor, como Henry Cartier Bresson, Pierre Verger e Robert Doisnot, que também realizavam fotografia de rua e registro de viagens.

Vídeos
Para que os visitantes da exposição possam criar uma relação da coleção de imagens apresentada com outras produções do autor, haverá no auditório da Biblioteca do IFPA, um colóquio com Tchello d’Barros, debate-papo mediado pelo curador André Leite Ferreira, com participação dos artistas multilinguagens  Karlo Rômulo e Marcos Smith, onde serão projetados vídeo-poemas e séries de gravuras, pinturas e fotografias de outras fases do autor. Depois da apresentação de instrumental acústico com o violino de Miguel Cassiano, haverá uma visita guiada oficializando a abertura da mostra. Após o término do período da exposição será veiculado no Youtube o vídeo-documentário Um Mundo Fenomênico, registrando essa ação multicultural realizada em Belém do Pará.

Poesia
Apesar da produção literária do autor em diversas modalidades, há um apreço especial pela literatura de cordel, tema de pesquisa, coleção e produção. Para tanto, o escritor estará ministrando no dia da abertura da mostra a palestra Cordel e Contemporaneidade e durante o evento estará autografando uma edição especial de seus cordéis: O Justo Destino do Pistoleiro Justino; O Mistério de Blém-blém e os Fantasmas de Jaraguá; A Feira do Passarinho de Maceió; O Matuto que se Espantou com as Mulheres do Recife; e O Papagaio. Mas a poesia autoral de Tchello d’Barros será também apresentada na performance “Poema ao Pé do Ouvido”, intervenção cênica dirigida pelo ator mineiro Quexinho e protagonizada pelas atrizes paraenses Josiane Nascimento e Joyce da Conceição, durante o coquetel do evento de abertura.  



3 – TEXTO CRÍTICO

A Ousadia do Enquadramento
                     por Jiddu Saldanha*

Quando nos deparamos com um artista comprometido com o que faz e percebemos a qualidade de seu trabalho, podemos também respirar aliviados por que nosso tempo será bem empregado e certamente iremos nos transformar/transfigurar. Tchello d’Barros é um artista que viaja pelas estradas do mundo e, no entanto, para nós, ele é a viagem e ao mesmo tempo quem descortina a paisagem que brota do ato criativo. Mergulhar em seu trabalho é percorrer caminhos, cruzar pontes, transpor margens e chegar a algo repleto de essência, lá onde o ato realizador e o rigor formal se transfundem em momento ímpar.

A profusão de temas que brotam dos cliques de Tchello d'Barros são inspiradores e parece buscar um olhar imaginativo: um espectador disposto a recriar cada foto no imaginário através de histórias cujo start é dado pela sugestão da cena. Vemos uma mão que toca um violão, uma estátua contra o sol, dedos que tecem uma rede de pesca, velas acesas, barcos vazios, cavalos em contraste como que num diálogo cósmico e uma rua bucólica iluminada por focos de luzes que mais parecem aura de anjos.

De um modo geral o que temos são cenas que bem poderiam detonar a criação de um filme, retratos inusitados obtidos pelo inquieto tanger de um caminhante. É como se cada fotografia estivesse pronta para continuar numa cena animada. O quadro escolhido é apenas sugestão, a foto continua se construindo em nosso imaginário.

Um Mundo Fenomênico é uma série monumental de imagens, que nos dão uma leitura ampla a partir de um recorte, que bem podemos nominar como a poética de um criador, neste caso, Tchello d'Barros, uma espécie de caixeiro viajante das estrelas, que traz a tiracolo um embornal de encantamento e ao qual oferece ao mundo todo um conteúdo que faz brilhar nossos olhares, as vezes tão cansados da poluição visual que grassa pelo universo humano.

Ao entrar em contato com as fotografias do autor, o espectador mergulhará no melhor da fotografia contemporânea, com enquadramentos ousados, imagens inusitadas e muita propriedade na escolha dos motivos. Aqui, nada poderá ser ignorado, Tchello d’Barros é extremamente meticuloso, cuidadoso e seu rigor observacional fará o expectador sentir-se respeitado por dedos que clicam com a mesma inquietação com que o olhar olha.

*Poeta, artista visual e produtor cultural
Cabo Frio RJ - Abril 2011

4 - DEPOIMENTO DO AUTOR

A série fotográfica Um Mundo Fenomênico diferencia-se de minhas produções em artes visuais e literatura, não só na linguagem mas também nas escolhas temáticas e respectivas abordagens. Vivemos um tempo de hiperinformação midiática, poluição visual e afetividades mediadas pelas recentes tecnologias virtuais. A produção dessa série de imagens não pretende negar nada disso, mas perpassa um conceito de extemporaneidade, como que em deslocamentos de nosso tempo presente ou lugar em que vivemos. As imagens são também um extrato visual de minhas viagens pelo Brasil e Exterior, onde o cotidiano do homem contemporâneo é flagrado de forma inusitada, em seus aspectos poéticos, dramáticos, culturais, sociopolíticos etc. O ser humano apesar de não aparecer nas imagens, tem sua presença sempre sugerida pelos objetos e cenários fotografados, dialogando assim com a imaginação do observador, co-autor deste um mundo transitório, fenomênico. A coleção de imagens constitui-se numa crônica pessoal com recortes da contemporaneidade, editada pelo olhar de viajante do autor mas mediada pelo que mais interessa: a imaginação curiosa, decifradora e ficcional do expectador. Tchello d’Barros



5 - SERVIÇO

Quê: Exposição de fotografias Um Mundo Fenomênico
Quem: Escritor e artista visual Tchello d’Barros (SC/PA)  
Quando: 13.04.2011 quarta-feira
Início: 19h
Ingresso: Entrada Franca
Visitação: 13.04 à 28.05.11
Horários: 08 às 22h - segunda a sexta-feira
Local: Espaço de exposições da Biblioteca do IFPA
            Av. Alm. Barroso - Belém - PA - Brasil
Texto crítico: Jiddu Saldanha (RJ)
Montagem: Núcleo Pindorama | IFPA
Curadoria: André Leite Ferreira (PA)



6 - PROGRAMAÇÃO

Abertura: 13.04.2011 quarta-feira
14h - No mini-auditório da Biblioteca do IFPA
         Palestra ‘Cordel e Contemporaneidade’
         c/ Tchello d’Barros 
19h - No mini-auditório da Biblioteca do IFPA
       - Sarau-de-bolso c/ artistas convidados:
       - Instrumental acústico c/ Miguel Cassiano
       - Performance «Poema ao Pé do Ouvido»
         (poemas de Tchello d’Barros) c/ Quexinho,
         Josiane Nascimento e Joyce da Conceição
       - Projeção de vídeos do autor e debate-papo
20h - No 2º piso da Biblioteca do IFPA
       - Abertura da exposição fotográfica
       - Lançamento de Cordéis de Tchello d’Barros






7 – SOBRE O AUTOR

Tchello d'Barros (Brunópolis/SC, 1967) é escritor, artista visual e viajante. Residiu em 12 cidades, percorreu 20 países em constantes pesquisas na área cultural e desde 2010 está radicado em Belém/PA.

Na Literatura, publicou meia-dúzia de livros de poemas, diversos cordéis e publica regularmente poemas, contos, crônicas e artigos em mídias impressas e virtuais, tendo escritos publicados em mais de 50 coletâneas e antologias. É membro de diversas entidades culturais e eventualmente realiza palestras e oficinas literárias.

Nas Artes Visuais, participou de cerca de 70 exposições, entre individuais e coletivas, com obras em desenho, pintura, infogravura, fotografia, instalação e poesia visual. Como designer, desenvolveu criações gráficas para agências de publicidade, desenhos para o segmento de moda e ilustrações para o meio editorial. Atualmente dedica-se a fotografar e desenhar temas da Amazônia.



8 – CONTATOS

Informações complementares, solicitação de fotos ou agendamento de entrevistas:
Contato c/ o autor Tchello d’Barros: tchellodbarros@yahoo.com.br  (91) 8288.9103
Contato c/ o curador André Leite Ferreira: pindoramacine@gmail.com (82) 8735.0502

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O CÔNEGO – SENDEROS DA CABANAGEM
Paulo Miranda

O Cônego é um dos resultados do Projeto Filma Pará
O Projeto Filma Pará é uma ação que  consiste em motivar e capacitar comunidades de municípios do interior do estado para a realização de filmes longas-metragens de ficção ou documentários sobre suas realidades, utilizando-se de técnicos e atores selecionados e capacitados nas próprias localidades. É uma ação cultural que se viabiliza com a efetiva participação da Lux_Amazônia, Prefeituras Municipais e Comunidades locais.
A Produtora:
A LUX AMAZÔNIA é uma empresa de caráter cultural, voltada para a produção de cinema e vídeo na Amazônia, foi criada em 1999, como um esforço para agilizar a retomada da produção cinematográfica regional, é um pólo aglutinador de um conjunto de ousados realizadores audiovisuais da região.     Além de suas produções, a empresa atua na promoção de cursos de capacitação na área cinematográfica e produção de documentários institucionais.
Justificativa do filme
Embora tenha sido um dos episódios mais importantes da história do Pará, a cabanagem ainda tem sua memória pouco difundida entre a população paraense, que conta apenas com vaga informação do movimento revolucionário amazônico. A cabanagem não pode ser esquecida dadas as suas repercussões sociológicas, geográficas, políticas e culturais. Um povo não pode permitir-se esquecer sua história, precisa tê-la à flor da pele para daí tirar lições para a construção do seu presente e do seu futuro.
O CONEGO é o primeiro filme longa-metragem de ficção a tratar sobre a Revolução Cabana. Como obra pioneira não busca abarcar todo o movimento cabano, mas pauta-se na trajetória de uma de suas mais influentes lideranças: BATISTA CAMPOS, o cônego místico, militante político e intelectual a serviço da Amazônia, da independência do Brasil e de melhores condições de vida para os menos favorecidos. Embora tenha seu nome emprestado a um dos logradouros mais importantes de Belém, Batista Campos é ainda um ilustre desconhecido até mesmo entre os estudantes. Com o filme “O CÔNEGO” a Lux Amazônia e seus parceiros querem contribuir para que este e outros personagens cabanos saiam do esquecimento a que estão relegados.

Sinopse e ficha técnica
O CONEGO – Senderos da Cabanagem
Longa/ficção/120min/Barcarena/2007

Uma ficção inspirada em fatos históricos cuja trama tem por base a experiência vivida pelo Cônego BATISTA CAMPOS no período preparatório à eclosão da revolução cabana que teve seu desfecho em 7 de janeiro de 1835 com a tomada de Belém.
Roteiro e direção: Paulo Miranda/ Direção de fotografia: Sandro Miranda/ Direção de Arte: Raimundo Matos - Sandro Miranda/ Direção de Produção: Ane Viana - Eliene Ribeiro/ Produção Executiva: Minorose Batista - Wellington Lucas - Rutinéa Miranda / Produção: Lux Amazônia  Produções Cinematográficas

Sobre a exibição – teste de audiência

A exibição que estamos propondo é uma cessão de TESTE DE AUDIÊNCIA.
A obra ainda não foi lançada oficialmente, isto acontecerá apenas em junho, em Barcarena - ciade sede das filmagens.
O teste de audiência visa oferecer aos realizadores um feedback primário com públicos específicos (professores, estudantes de ensino médio, estudantes universitários, comunidades de base, etc). Realizadas antes da finalização da edição da obra, o teste de audiência pode oferecer valorosos subsídios para assegurar que a obra pronta possa ser inteligível pela grande maioria dos seus futuros espectadores.