quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ir mais Além, porém, não há mais Ninguém
André Leite Ferreira

Colapso das máquinas, colapso do homem, metáfora do caos. Fritz Lang, um poeta futurista, dadaísta da imagem no meio do caos e do expressionismo alemão, o grito alucinado de uma geração.
Tecnoburocracia e robotização do homem. Alegorias de um tempo de desesperança. O pós Primeira Guerra Mundial foi um dos momentos mais radicais da Arte, foi um tempo de subversiva criatividade e ação, mas também, um período de niilismo e incertezas.
As máquinas da indústria assumem a cena em função do capital e em detrimento ao homem incapaz de qualquer reação. Os lúditas haviam sido massacrados e o céu cinza predominava. O homem-máquina, o braço da máquina operando a situação, a vida havia perdido o sentido. Porém, o que dizer da obra de um gênio?
Metrópolis é sem sombra de dúvidas, uma obra-prima, não só do ponto de vista teórico, mas também, do ponto de vista técnico, da inovação e autenticidade do próprio realizador que conseguiu ir além da sua época trazendo à tona as nuances de sua criação.
A temática do filme é relevante até hoje principalmente pelo advento do meio técnico, cientifico e informacional, que por sua vez acaba idiotizando as pessoas e engessando as relações sociais reduzindo-as a clicks no teclado de um computador. O consumo é o pai do homem, dito pós-moderno, esse ser quase sem identidade composto apenas de cacos.
Hoje em dia fala-se em capitalismo humanizado, entendemos, porém, que capitalismo humanizado é apenas uma falácia, um eufemismo, já que o capitalismo visa acima de tudo o lucro em detrimento da vida, assim sendo, corroboramos com o pensamento do filósofo argentino Néstor Kohan acerca da idéia de um capitalismo humanizado, quando o filósofo deixa claro que esta idéia é falaciosa demais.
O capitalismo, a máquina e o consumo, empurrando cada vez mais as pessoas para o abismo de uma civilização perdida e solitária. O filme de Fritz Lang, rodado em 1926 já fazia um retrato panorâmico desta sociedade que se quebra cada vez mais, pelo seu egoísmo e ignorância. A solidão, o abandono, o desespero e a morte são certos, todo o resto fica a nosso cargo. Ir mais além, mesmo não havendo mais ninguém, ou ficar na mesma, aquém de tudo.         


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